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João Dória - Fique em Casa

Sem as Famílias, não vai dar certo!

A discussão que vemos para superar a crise passa sempre pela ação do governo, isso é fato. É também mais fácil, pois não depende de nós, exceto de nossas palavras. Algo que a tradição católica, e o que nós tendemos a chamar de distributismo, apresenta é a ação familiar.

Ora, é justamente por renegarmos essa tradição que parecemos não saber o que fazer enquanto nação. Santo Tomás afirma:

o bem e a salvação de uma multidão consorciada consistem em que se conserve sua unidade, que se diz paz, removida a qual perece a utilidade da vida social.

É porque pensamos como os modernos que mantemos justamente a divisão da sociedade. O que mantém uma sociedade de pé, o que traz prosperidade e o que traz o bem comum é o bem das famílias. Esse bem só pode ser fruto das próprias ações dos familiares, não lhes é dado por outrem, a não ser por Deus com Sua Graça.

Porém, o que podemos enxergar nos dias de hoje é que a solução da crise está nas mãos dos governantes e eles pensam nas massas e não nas famílias. Por esse motivo que criam leis que são constantemente descumpridas pela população, pois estão deslocados da realidade do povo. Como, por exemplo, a impossibilidade de ter em casa mais de x números de pessoas.

Leis como essas, além de invadirem o governo familiar, são aplicadas em nome da ciência. O que acontece, portanto, é que o estado moderno cresceu a tal ponto que o fim a se buscar é totalmente abstrato ou massificado. Não se propõe a unidade de ação das famílias, muito menos lhes dá o direito de agir, para o bem ou para o mal. O que os governantes desejam é que toda a vida pare até o inimigo ir embora. Por esse vício de pensamento que a palavra não essencial se tornou justificativa para a injustiça.

Aprendamos com Santo Tomás:

[Para a vida boa é preciso três coisas] Primeira, que a multidão se constitua na unidade da paz. Segunda, que a multidão unida pelo vínculo da paz seja dirigida para o bem. […] Terceira, porém, requer-se que pela indústria do dirigente haja suficiente quantidade dos meios mais necessários para viver bem.

Analisemos, pois, cada uma das condições.

A Paz

Ao identificar que o ataque do inimigo é não racional, com porcentagens distintas, deveríamos, família por família, identificar os modos de proteger-nos uns aos outros, conforme a consciência. O ataque do inimigo, nesse caso, não é como o de uma nação que ruma para escravizar a nossa, mas como uma chuva de setas que podem ou não cair em nossas cabeças.

Sendo assim, mais facilmente nos organizamos contra ele quanto mais unidade tivermos. Acontece que a unidade se dá com o consentimento do própria liberdade. Não é possível forçar a unidade, senão pelo medo. É o que temos visto. O resultado disso é que os que percebem a imposição, desacreditam o conteúdo da mensagem a partir do caráter do mensageiro.

Desse modo, os jogos de poder político dominam os meios de ação e impedem a população de expressar sua participação(princípio da DSI). Pouca atenção damos aos que levam mantimento aos que perderam suas rendas, mas brigamos para que haja uma renda universal dada pelo governo. Pouca atenção damos ao baixo investimento nos leitos hospitalares municipais, mas há briga na mídia sobre se os médicos devem ser proibidos de dar certo remédios.

Vemos que a discussão está tanto mais confusa sobre quem deve agir quanto mais as restrições vão aumentando. Novamente, a confusão ocorre porque deixamos de lado nossa tradição, de confiar nas famílias, de promover a solidariedade. As abstrações científicas obrigam o estado a ser a causa eficiente da mudança, sendo que quem é esse motor social é, na verdade, a família.

População dirigida ao bem

Que bem é o que buscamos? O aumento das riquezas, a preservação da vida, a promoção das virtudes ou algum conceito vago de bem estar social? Bem, o aumento das riquezas parece não ser o caso, tendo em vista as restrições impostas. A preservação da vida parece ser o objetivo das medidas, sendo tão grandes imposições serem ditas válidas pois se diz reduzir as mortes. A promoção das virtudes não é algo que se discuta publicamente hoje em dia e, da mesmo forma, não poderia ser sem a liberdade exigida. O bem estar social é evocado quando um certo grupo da sociedade sairá prejudicado por alguma medida, como se diz justamente dos quais o trabalho é não essencial.

Suficiente quantidade de meios

Aqui temos um ponto bem delicado. Um país considerado pobre como o Brasil, geralmente, já vive com limitações de meios para bem viver. No entanto, é fato que muitos hoje já possuem até mesmo mais do que o necessário para bem viver. Porém, os motores de geração dos meios são justamente as famílias.

Vemos que, economicamente, a dissociação da vida familiar gerou consequências drásticas. Um pai de família nunca deveria ser impedido de cumprir seus deveres de estado. Impedindo-o de agir, o governante retira de toda a família qualquer senso de combate.

No entanto, o governante, dentro das regras do país, tem o dever e/ou pode intervir em outras áreas para aumentar os meios de sobrevivência. O primeiro deles é o investimento maciço na melhoria da saúde pública. Por que, até agora, a expansão do sistema de saúde não ocorreu? Outro modo é ampliar as formas de tratamento, e, nisso, os dois lados da briga política pecam. Uns pela demora na aquisição de Vacinas e outros pelo impedimento do tratamento precoce.

Outro ponto quanto aos meios de sobrevivência é a falta de incentivo à beneficência. O país se preservaria mais unido se todo o governo promovesse os que não sofrem com a crise econômica a auxiliarem os que sofrem, e são muitos os que sofrem.

Consideração Final

Ao longo de toda a tradição do cristianismo, muitas foram as batalhas que o povo enfrentou. Todas elas foram vencidas, não sem perdas, com oração e unidade. Não há outro caminho senão restauras os princípios da Doutrina Social da Igreja, entre eles a subsidiariedade, a solidariedade e a participação. Além disso, é urgente retornar o como objetivo da vida pública o foco na vida familiar, na dispersão da propriedade e na descentralização da ação governamental.

Filipe Dalboni

Mestrando em economia que sonha em contribuir na construção de uma economia realista voltada ao Bem Comum.

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