Nada melhor para inaugurar este blog do que a consideração do que vivemos. Nossos dias podem ser definidos como a era da técnica. Tal técnica, sendo neutra, deveria servir ao homem para alcançar as suas finalidades mais elevadas. Isso significa que a promoção da família deveria ser favorecida pela tecnologia.
No entanto, sabe-se que temos famílias nos quais os pais abdicam da educação de seus filhos para usufruir dos aparelhos celulares e computadores. Da mesma forma, o filho passa a ser educado por meio dessas tecnologias e o resultado aparece como síndromes de irritação, desatenção e desinteresse pela realidade. Estamos criando um mundo artificial, e, para compreender mais dessas questões, recomendo que acompanhem a Rayhanne Zago.
Esses efeitos são resultados de um movimento rumo ao antinatural. O que nos leva e perceber que há uma Lei Natural que ordena a estrutura da realidade mesma. Qualquer desvio dessa Lei resulta em problemas futuros. Isso pode ser visto em todas as áreas, cada uma ao seu modo.
Mas a principal das áreas é a educação. A educação reflete a condição familiar e modela a estrutura futura da sociedade. Veja que uma educação sem participação dos pais revela uma inversão de prioridade nos afazeres de uma casa. Sem a referência dos seus pais, a única coisa que diferenciará uma criança das demais é justamente sua ainda imatura personalidade, ou seja, suas habilidades sem controle, suas paixões desordenadas etc.
Com isso, o resultado será a existência de jovens que promoverão a rebeldia contra a natureza de forma mais acentuada do que seus progenitores. Pois uma consciência mal formada não terá luzes próprias para reconhecer suas limitações e praticar a verdadeira liberdade. Ela será movida muito mais pelas propagandas do que pela luz da reta razão.
Aliás, é justamente por isso que Chesterton afirma que no capitalismo toda arte tem se transformado em propaganda¹, pois não valendo mais para elevar o homem, a arte passa a servir ao homem como meio de lucro. Essa meditação nos levará a um último ponto.
Quando há dissociação na educação entre a Lei Natural e o costume, têm-se a chamada secundarização da sociedade. Um modo de vivência no qual a utilidade passa a ser a balança das ações e não a Justiça e a Caridade. Tudo se torna variável e impessoal, para promover o bom funcionamento dos serviços aos indivíduos.
O que se vê é o completo abandono da tradição da civilização e um apego aos bens e projetos mais efêmeros. Sendo assim, o resgate da tradição por meio de livros desperta, a partir dos gostos pessoais e daquela curiosidade providencial, o que parecia ser sempre o desejo de cada pessoa. Isto é, encontra-se uma esperança na pertença a uma tradição e uma unidade entre sua pessoa e sua história.
¹ Utopia of Usurers and Other Essays – G. K. Chesterton